quarta-feira, 5 de maio de 2010

Bote o galo pra cantar no lugar e na hora certa

Fernando Moraes
Em uma cidadezinha do interior, dois comerciantes eram tão concorrentes que, o que um fazia, o outro queria fazer igual. Donos de duas pequenas padarias no mesmo vilarejo, dependiam dos ovos botados pela criação de galinhas que mantinham, para fazer o melhor pão. Assim, quanto mais as galinhas botavam, mais podiam produzir e vender aos seus clientes. Até que um dia, tudo começou a mudar.
Numa bela manhã, um dos comerciantes viu a quantia de ovos diminuir muito. O tempo foi passando e o problema persistia. Deprimido, tomou várias atitudes: mais ração para as galinhas, troca do milho, fortunas em remédio e nada. Foi então que, durante uma madrugada em que percebeu um fuzuê no galinheiro, descobriu que tinha uma raposa roubando os ovos.
Como solução, testou alguns galos para ficarem de alerta e cantar quando a raposa se aproximasse. O primeiro era rouco e cantava baixo. O segundo insistia em repousar em um puleiro muito distante do seu quarto. O terceiro resolveu seu problema, acordando-o para expulsar a raposa. A partir desta noite, a raposa nunca mais voltou.
Dias depois, com o galinheiro mais protegido, o dono do galo recebe uma proposta do concorrente, para trocar o heróico animal por 40 galinhas. Ele, de olho na produtividade e pensando não precisar mais do seu salvador, não pensou duas vezes para fazer o negócio, mesmo sabendo que poderia ficar com pão sobrando, frio e duro.
Vivia feliz, até que começou a ouvir seu antigo cantador, todas as manhãs, com o vozeirão mais imponente pelos lados do seu concorrente. Sem entender porque estava perdendo a freguesia, perguntou para um de seus últimos clientes fiéis: porque todo mundo corre pro vizinho quando o galo começa a cantar? O freguês respondeu: É porque toda vez que o bicho canta, é que tem pão quente saindo do forno lá. Ah, e eu só passei mesmo foi pra fechar minha conta aqui. Até mais ver, senhor, vou comer meu pão quentinho agora!
O que as organizações fazem com seus galos?
De que adianta investir em comunicação sem qualquer preocupação com sua eficiência, botando um galo que não é bom ou que canta na hora errada e no lugar errado?
Porque não pensar a comunicação empresarial em algo além de resolver o problema imediato da “raposa”, mas sim com uma função estratégica que trará benefícios a médio e longo prazo se bem planejada?
O autor é especialista em comunicação empresarial, diretor da Acesso Livre – Consultoria, Planejamento e Assessoria em Comunicação
moraes.fernando@terra.com.br